quinta-feira, 17 de abril de 2014

O que fazer com este dia triste?

Se a vida é bela, podemos ter a certeza de que, não é apenas pelo simples ato de respirar, ou também, por caminhar com os pés descalços na grama, ou por que não, caminhar por sobre o barro molhado, que insiste em fazer cócegas quando se aperta entre os dedos pés. Como pode ver, até por estes exemplos, a vida não pode ser bela, apenas por existirmos. Assim como ninguém é feliz em absoluta solidão, a vida não é bela, em auto-suficiência. Mas se é bela ou não, ou se os dias são tristes ou não, a vida é um baú contendo tudo o que for necessário, para que seja pesado, que tenha substância, e que não seja apenas um item de decoração. Vazio.

Me desculpe mudar de assunto tão rapidamente, mas você já experimentou um delicioso prato de molho temperado para salada? Não? Ah, sim, logicamente que não. Mas com absoluta certeza já provou uma deliciosa salada, contendo um pouco, ou gotas deste bendito molho temperado.

Lá vou eu mudando de assunto novamente - que aliás é minha falta de cuidado, já que estou falando para uma pessoa que possivelmente esteja triste - mas juro que é por uma boa causa. E sem mais delongas preciso perguntar se já participou de uma partida de vôlei, não apenas isto, mas se nesta partida apenas o seu time estivesse na quadra? Do outro lado da rede, ausência total do time adversário. Por acaso seu time saiu não apenas vencedor, mas exaustivamente feliz por uma luta rumo a vitória, desta tão estranha partida de um time só? Hmm... acredito que não.

Um baú vazio, um prato de molho temperado e um time sem adversário, me lembram a vida dos que querem apenas a suprema e concentrada felicidade, e nada que venha dividir o espaço, que estes destinaram a este imaculado e perseguido sentimento, protegido, por consequência, intangível.

Um baú vazio, nos ilude com a proposta de adicionarmos nele, apenas aquilo que nos faz feliz; que não nos tire lágrimas; que ao abri-lo, tenha o poder de - seja qual for o momento - arrancar com sobrenatural força, um sorriso do nosso rosto.

O molho temperado esparramado em um prato, é a ilusão do escancarado sumo da felicidade, concentrado e intenso, mas que não possui a menor da serventia, quando toca nossa língua. É salgado demais, ou cítrico, precisa de algo suave que o dilua sobre o paladar. Precisa de folhas amargas, vegetais insípidos e verduras de sabor oposto, para o equilibrar.

O time solitário, acabara de vencer por W.O., não jogou, não suou a camisa, não tentou, não desiludiu, não voltou a acreditar, não sorriu. Venceu, mas não ganhou. Adquiriu uma medalha, mas não o seu significado. Voltou sem derrotas, e sem conquistas, também.

Não reclame do adversário que está sobre a sua vida, ele será o maior responsável pela sua vitória, seja ela por medalhas ou por sabedoria adquirida durante e no fim do jogo. O time que está a sua frente, lutando contra você, pode ser a falta de tempo; o emprego que não aparece; a doença que surgiu, do nada. O que importa, agora, é que você não vencerá esta partida sem este time, como também não perderá absolutamente nada se por acaso ele sair de campo. A verdade é que ele está lá, pronto para jogar, e se você está do lado oposto a ele, significa que você está pronto para enfrentar esta partida.

Não reclame dos dias maus. Eles virão, virão com toda a força que possuem. Mas eles trazem consigo, o baú recheado de aprendizado, uma salada colorida para o seu molho temperado, e uma partida, que ficará para a história, como o maior de todos os jogos. O jogo que tem por nome: Vida.

Viva!

"Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo. Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu mal." (Mt. 6:33-34)